quarta-feira, 18 de abril de 2012

Experiências e mais experiências!


Eu sei o blog tá totalmente desatualizado! Desculpem-me, vou voltar a postar... É aquela falta de tempo as vezes que atrapalha um pouco.

Mas enfim, as coisas aqui na escola estão tomando uma direção totalmente diferente agora. Meus primeiros dias aqui na escola estavam muito parados, saia apenas do escritório pro meu dormitório, como vocês sabem, é na mesma escola. Mas chegou o final de semana pra coisas começarem a mudar, porque eu decidi mudar!

Na sexta-feira resolvi ir pra Pequim e convidei Julia, é uma alemã e a única intercambista aqui comigo, ela ainda estava na dúvida porque tinha algumas coisas pra resolver sobre a universidade dela, porque no próximo semestre ela está indo cursar o período na Suécia. Julia adora viajar, já conhece todos os continentes! Fui falar que conheci uma menina na Índia que já viajou 45 países e então Julia olha pra mim e fala: “Só 45?!” Hahaha, então vocês imaginam por ai quantos países ela já conheceu... Mais de 50! Esses fatos me motivam a viajar mais e mais... Só comecei agora :P Se Deus quiser ainda vou pegar alguns voos pelo mundo afora...

Foram apenas “pequenas aspas” sobre Julia... Voltando ao final de semana em Pequim. Pequim é muito, muito, muito massa! Moderno nem se fala! O sistema de transporte público aqui na China é algo fora do comum de organizado e moderno. Em Pequim moram muitos estrangeiros, eu acho que vi mais estrangeiros andando na rua do que chineses, eles são muito mesmo. Então me senti bem mais a vontade e também conheci brasileiros, depois de 15 dias sem português, sem contato com nenhum brasileiro, encontro com uma brasileira de São Paulo que mora a 5 anos na China; e depois mais conheci mais dois brasileiros, engenheiros, que trabalham em um projeto da Chemtech aqui na China desde outubro do ano passado.

Mudando de assunto, preciso falar a vocês sobre o choque cultural. Aqui na China o choque cultural é grande! Primeiro em relação à educação, os alunos aqui não tem vida social, isso é fato ;x

Ontem, fomos jantar em um restaurante chinês, foi meio que uma despedida pra Julia, só foi eu, Julia, Sophia (chinesa – professora de inglês) e Yoo Yong (coreana – professora de gramática coreana). Quando voltei pra escola, que estava chegando ao meu dormitório um aluno estava chorando no telefone, não entendi bem o que estava acontecendo, então perguntei ao colega dele qual era o motivo por ele estar chorando, o garoto me disse que ele chorava porque estava no telefone conversando com os pais e ele sente muita saudade deles. Quando o aluno desligou o telefone comecei a conversar com ele, tentando fazer com que ele não ficasse tão triste, perguntei quanto tempo fazia que ele não via os pais, ele me disse que dois meses. Comecei a contar que desde janeiro não vejo minha família e que a Coreia é aqui muito perto da China. Então pedi pra ele imaginar o Brasil, dizendo que o Brasil fica do outro lado do mundo, a mais de 35 horas de avião da China. Disse também que ele tem que ser forte, em seguida, o amigo dele me disse: “É porque hoje é o aniversário dele.” Putz, isso me deu um aperto no coração! Eu já acho muito pesado porque eles são crianças e adolescentes, tem alunos aqui de 14 anos que vem da Coreia e moram sozinhos na escola, já acho pesado essa distancia entre a família; e eles estudam muito! Pra vocês terem noção da carga horária, eles tem aula das 8:00 às 12:00, das 14:00 às 17:30 e das 18:30 às 21:00! E vocês acham que para por ai?! Eles ainda estudam no sábado e no domingo! Inclusive domingo à noite!!!

Sou totalmente a favor da educação. Acredito que é através da educação que conseguimos desenvolver e fazer crescer um país, mas ao mesmo tempo fico pensando até que ponto essa educação influencia na vida desses alunos. Será que abrir mão de ver seu filho crescer e amadurecer durante a adolescência vale tão a pena? Será que “isolar” seu filho vale a pena? Será que fazer seu filho viver em uma escola com praticamente um regime militar vale a pena?

Aqui na escola, vejo os alunos chineses nos portões no final da tarde, muitos alunos, porque é essa hora que a família vem trazer alguma comida, alguma coisa que eles estão precisando ou simplesmente pra ver seus filhos. E não estou exagerando, os alunos ficam do lado de dentro dos portões e os pais do lado de fora. É isso que me pergunto até que ponto a educação pode influenciar na vida desses alunos e dessas famílias. E reforço, sou muito a favor da educação, mas não dessa forma. Enfim, um grande choque cultural pra mim.

Voltando ao aluno que estava chorando, não me contentei em ver aquele aluno triste daquele jeito. Fui ao meu quarto peguei um pão, que é praticamente um bolo (aqui na China é bem famoso), coloquei uma pelota em cima desse “pão-bolo” pra fingir ser uma vela e fui entregar a ele cantando parabéns. Ele agradeceu, mas ainda triste... Achei até que ele não tivesse gostado muito, mas no outro dia, ele veio me agradecer, agradecendo por tudo que eu tinha feito na noite anterior por ele. E agora sempre que ele me ver, começa puxar assunto. E vocês não tem noção de como é poder ajudar alguém nessas condições. Pra mim também não foi fácil e não é fácil, me sinto realmente na pele dos alunos coreanos, porque minha família também está muito longe. Alguns alunos me perguntam inclusive esse aluno que estava chorando: “Você está com saudade da sua família?” E você tem que ser forte e firme na resposta, tem que passar segurança pra os alunos. Acredito que o papel de professor não é apenas passar conhecimento, educação e experiência, mas é também passar segurança, o aluno deve sentir que pode confiar em você, mas o que vejo muitas vezes é um tratamento “frio”. E não só aqui na China, mas também vi isso na Índia e no Brasil! E deve ser por isso também que quando chego na sala de aula meus alunos vibram porque é minha aula e sempre dizem: “Teacher, I like you!” Engraçado é um aluno, desses alunos bem “tirador de onda”, ele sempre diz: “Hey Brazilian, you’re my friend!”

São sentimentos como esse que vou evoluindo sempre e é o que eu sempre digo: Não tem dinheiro no mundo que pague essas minhas experiências de intercambio. E agradeço a Deus sempre por ter colocado esses dois países, Índia e China, e que todo mundo fez “cara feia” quando eu fiz essas escolhas, mas não me arrependo um segundo se quer de estar vivendo isso tudo. São experiências e aprendizados que vou levar comigo pra sempre.

É isso, fiquem com Deus, até o próximo post... E nem preciso dizer que a saudade tá grande! :P

domingo, 8 de abril de 2012

Primeiras emoções do trabalho!

Primeiramente vamos falar sobre meu horário de trabalho e horário de trabalho chinês! Ontem, SÁBADO, foi meu primeiro dia de trabalho, trabalho das 8am até 11:30 am, intervalo pra o almoço e volto 2pm até 5:30pm. Mas ontem no meu primeiro dia de trabalho fiz apenas uma apresentação sobre o Brasil com 85 slides e um mural de 1,2m por 1,50m sobre o Brasil pra expor nos corredores da escola. Pra dar conta de todo esse trabalho ainda fiz hora extra depois do jantar das 6:30pm até 7:30pm! Eles me deram dois dias pra fazer o mural, mas preferi fazer logo tudo ontem, em um dia. Mas só trabalhei no sábado e no domingo porque essa semana tivemos um feriado de três dias, segunda a quarta, então eles repõem no final de semana... Não tem essa história de emendar igual ao Brasil :P



É, estou trabalhando muito! E nunca esqueçam que sou voluntário! :P Mas estou sendo bem recompensado por todo esse trabalho. A escola é grande, acredito que todos os alunos e professores moram aqui. Bom demais, dessa forma não preciso pegar ônibus lotado e acordar muito cedo pra ir pro trabalho. Também tenho faço minha refeições na escola e tem até um pequeno mercado dentro do colégio.


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Estou sendo muito repeitado aqui na escola, ninguém me chama pelo meu nome, só me chama de professor. No meu escritório, nos corredores, nas salas de aula todos sempre dizem: “Hi, teacher!” Haha, é um pouco estranho, na Índia os alunos me chamavam de “Didi” que é alguma coisa relacionada a professor em hindi, mas aqui é diferente, eles chamam “teacher” de uma forma mais... “Poderosa”. Como se você tivesse todo o respeito e autoridade; e na verdade na China é assim, a profissão do professor é muito respeitada, diferentemente de certos locais no Brasil.



Tenho uma mesa no escritório dos professores só pra mim, a maioria dos outros professores e alunos tem um certo receio de falar comigo. Lily, minha manager da AIESEC me disse que ele tem esse receio porque eu sou o professor estrangeiro, então meu inglês é melhor do que o deles... Acredita nisso?! Haha, e eu com medo de vir pra uma escola internacional achando que meu inglês era fraco. Mas graças a Deus estou me dando bem.

Hoje tive minha primeira aula, foi bem mais tranquila do que eu imaginava. Achava que ia ser o terror, porque nunca fiz uma apresentação em inglês, mas graças a Deus deu tudo certo. Quando vi que a professora de inglês da escola e o coordenador iam assistir minha aula, bateu aquela tensão, mas foi tranquilo. A professora de inglês me elogiou dizendo que foi muito bom, disse que eu estava super tranquilo, que não parecia ser nem minha primeira aula. Os alunos também fizeram perguntas... Quer dizer, eu tinha um Google Translator na minha sala de aula, uma garotinha muito gentil, os demais alunos perguntavam a ela em coreano (é, estou dando aula pra coreanos) e ela me perguntava em inglês e vice-versa. E como sempre fizeram elogios ao Brasil. Nosso país é o peso! Podem ter certeza, onde eu chego o Brasil faz sucesso.


Estou dividindo quarto com três caras do Usbequistão. Ainda não decorei o nome deles, são muito difíceis. Mas eles são super gente, eu estava em outro quarto com um coreano, mas eles foram no meu quarto e me chamaram pra morar com eles, porque eles queriam falar inglês e também pelo fato de que sou brasileiro... Vocês veem, todos amam o Brasil! :P

A comida aqui no colégio também é até boa. Meu café da manhã é no restaurante muçulmano, meu almoço é restaurante coreano e às vezes meu jantar é no restaurante chinês. E sempre faço minhas refeições juntos aos demais professores... Haha, me sinto todo importante :P Aqui eles tratam os intercambistas muito bem, mas também só tem eu e Julia da Alemanha.

É isso pessoal, vou contar mais novidades nos próximos posts. Fiquem com Deus, um grande abraço!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Welcome to China!

Então, vamos começar a falar dos meus primeiros dias aqui na China. Primeiramente a viagem foi super tranquila, acho que meu voo de Nova Delhi pra Shanghai foi um dos melhores que eu tive.

Chegando em Shanghai, primeira parada e a chegada na China foi aquela sensação estranha, todo mundo com cabelo preto liso e os olhos puxados... Eu olhava pros lados e só tinha chines! E como fazer pra tirar dúvida quando você não fala chinês, tive que me virar de todo jeito.

Quando fui procurar o gate do meu próximo voo pra Pequim achei um cara meio perdido também e ele não era chinês, fiquei meio com receio de falar, não sabia se ele falava inglês, mas pra minha grande sorte ele me perguntou se eu sabia onde era o gate e perguntou em inglês. Na hora foi um alívio escutar alguém falando em inglês, então nós dois fomos achar o gate do voo, graças a Deus achamos.

Eu não consegui entender o nome dele direito, mas acho que era Dilesh, alguma coisa assim. Dilesh é um indiano que a quatro anos mora na China estudando medicina. E pra minha grande sorte e alegria mais ainda Dilesh tava vindo pra mesma cidade que eu, então foi bem mais fácil chegar a minha cidade.

Depois de passar por dois gigantes aeroportos, são um dos maiores do mundo pra vocês terem noção. Gigante! Enfim, chegando a Tianjin, depois de 16 horas de viagem entre onibus e aviões. Primeira impressão da China: Organização e limpeza. Tianjin é muito organizada, em relação a rodovias, ruas, a maioria das ruas são muito limpas, não 100% das ruas, mas a maioria que visitei até agora são limpas e organizadas.

Durante a primeira semana estou morando em uma host family, porque aqui na China estão em um feriado durante segunda, terça e quarta. Então só vou morar nos apartamentos do colégio na próxima sexta e provavelmente começar a trabalhar na segunda, mas tudo indica que vou passar o final de semana preparando apresentações... Tá pensando que vida de intercambista é fácil?! Não é fácil não! :P Tem que ralar muito!

A experiência tá sendo massa aqui na casa dos chineses, a cultura deles é muito diferente da nossas. Foram bastante receptivos, o cara aqui da casa é o Zhang ou em inglês Allen, ele tem 20 anos, estuda Finanças na Tianjin Finance University e trabalha a um mês na AIESEC. A mãe do Zhang também fala inglês, as vezes ela se complica ao falar, mas sempre o Zhang ajuda ela quando ela não sabe ou não entende alguma palavra em inglês. E o pai do Zhang não fala inglês, mas sempre tá sorrindo pra mim com aquele jeito chinês simpático.

Primeira gafe, perguntei se eram só eles que moravam aqui na casa, dai a mãe do Zhang respondeu que só, que aqui na China eles só podem ter um filho, que isso é lei. Dai só depois que ela falou lembrei que tinha lido sobre isso, mas acabou que não ficou nem tanto como gafe porque depois eu mostrando fotos da minha família a mãe dele ficou louca pela minha família, porque tenho dois irmãos e depois ela falou como se estivesse lamentando que na China eles só podem ter um filho. É lei, eles não podem fazer nada. Mas ficou a questão na minha cabeça: Daqui a alguns anos não vai mais existir o parentesco irmão(ã), primo(a), tio(a), cunhando(a)... Só vai existir pai, mãe, avô e avó... Muito estranho isso. Mas essa lei existe pra tentar controlar a população, afinal é muita gente! Pra vocês terem noção, a cidade que estou é a quarta maior cidade da China e são quase 13 milhões de pessoas que vivem aqui, é muita gente! :P

Aqui já conheci uns 30 chineses, todos trabalham na AIESEC, então todos na média da minha idade, bem melhor pra interagir e conhecer a cidade. Allen me convidou pra uma festa deles no domingo, a festa era que eles cozinhavam diversas comidas chinesas e depois iam comer, durante isso também tinha alguns jogos, como twister, entre outros. Foi bem animado, na verdade os chineses quando se juntam são bem animados.

Quando cheguei na festa poucos falaram comigo, só falavam aquele “Hello” e meio que mantiam distância, eu era o único de fora, então eu via todos falando de mim, foi até engraçado, acho que nos primeiros 30 minutos ninguém se aproximou pra falar, só o Allen, mas depois de uns 30 minutos começaram... Alguém vinha conversar, perguntar de onde eu era, o que eu tava fazendo, enfim, foram todos bem gente boa. Quando percebi quase todos tinha vindo falar comigo, quando percebi mais ainda ele já estavam me rodeando, todos muito interessados em falar comigo. Fotos?! Tirei um monte, sempre alguém vinha me pedir pra tirar uma foto, confesso que fiquei me sentindo naqueles 15 minutos de fama. Hahaha, foi muito bom! Todo mundo me dizendo que queria conhecer o Brasil e claro também que todo mundo falou sobre três coisas: Futebol, Rio de Janeiro e Carnaval. Onde quer que você chega nesse mundo são as primeiras coisas que todo mundo fala, pode ter certeza.

Depois que todo mundo comeu, fomos pra o famoso Karaoke que tem na China, Japão, Korea e Taiwan. No caminho foi todo mundo muito animado dizendo que eu tinha que cantar, que era muito massa e talz. Chegando lá, é o KTV, muito massa o lugar, são centenas de salas de karaoke, dentro de cada sala você encontra jogo de luz, o som é muito alto, um telão e algo que me surpreendeu um pouco: Serviço de bar! Foi muito bom lá, mas também cansativo porque a gente ficou lá de meia noite até 6:00 da manhã! É, eles gostam muito desse karaoke, podem ter certeza :P

É isso pessoal, ainda tô estranhando algumas coisas na minha primeira semana, mas isso é normal. Esperem pra os próximos posts, haha, tem muitas coisas que preciso contar. Fiquem com Deus! Agora a saudade tá duplicada, saudade enorme de vocês no Brasil e saudade enorme dos meus amigos na Índia. Um abraço pra todo mundo!